Ela não late, não abana o rabo nem pede para brincar, mas identifica e protege o dono de todos os obstáculos pela frente e ainda traça uma rota segura até o destino desejado. Primeiro robô desenvolvido para ser “cão-guia” de pessoas com deficiência visual, Lysa é brasileira e já nasceu com o selo da inclusão. Criada por uma professora pública capixaba, Neide Sellin, de 41 anos, filha de uma dona de casa e de um ajudante de pedreiro, a máquina funciona como uma espécie de carro automático, segundo a matéria publicada no dia 26 de novembro, na editoria de Política do Estadão on-line, na seção Uma Boa História.
“Era o ano de 2011. Dava aulas de robótica para classes do ensino médio na Escola Municipal Clóvis Borges Miguel, no centro de Serra, Espírito Santo. O foco eram propostas de cunho social, como lixeiras automáticas para reciclagem”, relatou. “Um dia, uma aluna me perguntou se poderíamos fazer um robô-cachorrinho. Perguntei por quê, e ela logo respondeu: para ajudar as pessoas que não enxergam.”
Na hora, a professora não vislumbrou como levar aquela ideia adiante, mas se lembrou que a escola tinha uma aluna cega e foi atrás dela para saber de suas necessidades no dia a dia. “Foi quando eu soube que desviar de objetos suspensos era o seu maior desafio. E, claro, porque a bengala não consegue alcançá-los.”
Depois de quatro meses de muito estudo, Neide chegou ao primeiro protótipo feito com peças de ferro-velho, que tinha como objetivo inicial identificar obstáculos a tempo de seus condutores não se machucarem. “Levei a peça para a mesma aluna, que experimentou e me disse: ‘Nossa, isso vai mudar a minha vida’. E mudou foi a minha. Dali por diante passei a ter uma causa, um projeto mesmo de vida”, afirmou Neide, sobre os últimos dez anos.
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